sábado, 26 de novembro de 2011

Jean-Yves Calvez - O capitalismo tem como grande defeito matar a criatividade


O pensamento de Marx, na crítica económica ao capitalismo, ainda tem actualidade, diz o padre jesuíta e sociólogo Jean-Yves Calvez, um dos mais importantes vultos do pensamento social católico contemporâneo. Nascido em 3 de Fevereiro de 1927, em Saint Brieuc (França), Calvez propunha novas formas de organização do trabalho que investissem nos serviços «pessoa a pessoa». E dizia acreditar numa sociedade de pleno emprego.
Calvez esteve com frequência no Brasil, onde aprendeu português. O jesuíta francês publicou uma vasta obra no campo da filosofia política e da doutrina social católica. Entre os seus títulos, estão La Pensée de Karl Marx (O Pensamento de Karl Marx, 1956) e Les Silences de la Doctrine Sociale Catholique (Os Silêncios da Doutrina Social Católica, 1999).
«Tocado» pelo entusiasmo da mudança de milénio, dizia que, com o 11 de Setembro, «o mundo mudou». «Talvez não por razões reais, mas pela interpretação dada por Bush, criou-se uma atmosfera de receio, de inquietude», afirmava, recordando que estava em Washington a 11 de Setembro. «A “guerra ao terrorismo” é uma guerra a fantasmas. É um pouco assustadora».
 
Fotografia de Carlos Lopes
Jean-Yves Calvez foi um dos redactores da encíclica Populorum Progressio, do Papa Paulo VI e esteve em Lisboa a falar sobre os 40 anos do documento, fazendo o balanço do que mudou no mundo. Não se deve generalizar o pessimismo, avisava, alertando para a importância de fazer coisas positivas e de encontrar meios para que muitas mais pessoas disponham de capital.
Tendo entrado para os jesuítas em 1943, ordenado padre em 1957, ensinou ciências sociais desde 1953, sendo um dos maiores peritos em marxismo da segunda metade do século  XX. Morreu em Paris a 11 de Janeiro de 2010.

{Ler entrevistas em Deus Vem a Público - Entrevistas sobre a transcendência, de António Marujo}

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