sábado, 3 de dezembro de 2011

Gianfranco Ravasi: Quero que os grandes artistas olhem de novo para os temas religiosos

 PAOLO COCCO/REUTERS/PÚBLICO
PEDRO CUNHA / PÚBLICO
Presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, do Vaticano, desde Outubro de 2007, Gianfranco Ravasi defende que é preciso quebrar a fronteira entre a fé e os grandes artistas e anuncia que irá convidar criadores de renome para fazerem obras de arte que falem dos grandes símbolos. E afirma que já não há ateus como antigamente.
Nascido em Merate (Lecco, Itália), em 1942, filho de um resistente antifascista, ordenado padre em 1966, Ravasi especializou-se em estudos bíblicos, fazendo trabalhos de arqueologia bíblica em países do Médio Oriente.
Preocupado em pôr em diálogo a ciência e a fé, diz que a única voz em defesa dos que chegam à Europa é a das igrejas cristãs. E que a Igreja precisa de uma linguagem mais imediata, quase súbita. Da centena e meia de obras que já publicou, há dois títulos publicados em português:
A Bíblia — Resposta às Perguntas Mais Provocadoras (ed. Paulus) e Via-Sacra no Coliseu (Paulinas).


Mas há muita gente na Igreja que vê a arte contemporânea como algo estranho, feio, escandaloso, mesmo obsceno…
    É verdade. Precisamente por isso, é necessário começar uma viagem, que será longa, para tentar tecer de novo o diálogo, depois do divórcio que houve com os artistas. Mas também para fazer compreender ao fiel que entra numa igreja a necessidade de uma nova linguagem, que não é apenas a do artesanato, de pinturas modestas de artistas locais, mas que é também a tentativa de fazer alguma coisa que fique na história.
   Isto acontece já na arquitectura, com igrejas feitas por grandes arquitectos — algumas mesmo belas igrejas. Inicialmente, os fiéis têm perante elas alguma estranheza mas depois, progressivamente, entram e percebem a beleza de uma igreja feita por Álvaro Siza, Richard Meier, Mario Botta, Renzo Piano, Tadao Ando.




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